domingo, 6 de dezembro de 2009

Deixo que durma


Dorme agora o sono tranqüilo de quem é guardado. Assim, enquanto observo teus olhos fechados, você descansa o corpo. E eu, meu coração, por saber que o amor está por perto.

Sua boca indefesa, sem ofensas para me dizer, sem duras palavras. Boca que nesse momento não vai contar histórias, mas também não dispõe de mais informações do que desejo eu saber. Podia até te beijar. Até sem você sentir. Fecho meus olhos. E sei que não vale a pena. Deixo que durma.

Posso pegar agora em tuas mãos. Leves, obedientes. Fariam o que pedisse, seguiriam o caminho em que eu as dirigisse. E daí, quando dormimos nos tornamos indefesos corpos. Sem amor, sem dor. Lembro destas mãos procurando as minhas. Lembro das tuas mãos a soltar as minhas. E as lembranças se confundem, me confundem. Não sei em que momento nós paramos. De novo, deixo que durma.

Ah, teus pés! Amo-os. Sempre trago este par na memória. Neste momento vejo teus pés sem passos. Você não caminha. Não caminha em minha direção. Mas também não se afasta em outra direção. Está ali tão perto e tão longe. Os pés imóveis, encostados, um sobre o outro como se estivessem se protegendo mutuamente. Não vou tocá-los. Poderia. E não vou. Porque deixo que durma.

Apenas velarei teu sono. Durante toda noite ou enquanto o meu sono não vir. Depois deixo o amor a te observar porque este sim não dorme jamais.

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