domingo, 4 de abril de 2010

Acabou o feriadão

Na quinta à noite, ele parecia um monstro pronto a me devorar.
Hoje o monstro se foi.

É fato: o tempo passa e leva com ele meus prazos...
de viver,
de finalizar aquele trabalho,
de dar um telefonema e marcar uma saída com os amigos.

O tempo passa e carrega consigo quase tudo.
Só não leva essa angústia,
essa vontade de te ver,
de me enxergar em teus olhos,
de ouvir tua voz,
sentir teu cheiro, teu toque.

Essas coisas tempo nenhum leva, tempo nenhum apaga.

Nada desfaz minha vã esperança de ser eu e você de novo.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Eu, Renato e uma ice

Se eu fosse escolher uma trilha sonora pra minha vida certamente seria uma coletânea de músicas da Legião Urbana. Difícil apenas saber quais. Até pro dia da minha morte, eu tenho uma.

Não importa a fase, o momento, o estado de espírito, Legião encaixa-se fácil sempre. Um dia, há muito tempo, vi a reportagem de um show deles (meu sonho! Pensava em crescer e vê-los tocar, mas o Renato morreu antes)... bem, na tal reportagem um garoto da platéia declarava para a repórter em êxtase:

- Parece que o Renato sabe o que passa com a gente e escreve tudo nas letras.

Escutei isso outras vezes, mas aquele menino nunca saiu da minha cabeça (será inveja por ele ter visto o show que eu não vi?). Já me apaixonei por outras bandas, por outros cantores, só que nada chega perto da sensação que brota na minha alma quando ouço a voz do Renato. Quando é gravação ao vivo então, dessas em que ele conversa com o público, me desmancho.

Legião me lembra da minha adolescência, das minhas crises existenciais, dos meus desejos, meus medos, minhas apostas, dos meus amores, dos meus grandes amigos, de pessoas que fizeram a minha estrada um pouco melhor e mais suportável. Legião reconstrói cenas, lugares, cheiros, sensações.

Legião me faz pensar em mim.

Quando era adolescente, eu tinha todos os cds, sabia (e acho que ainda sei) todas as letras e a ordem das músicas de cada cd.

Renato foi meu confidente. E ele nem sabe disso.

Pensava que um dia, amadurecida, algumas coisas daquela época passariam. Que dariam lugar a um pouco mais de paz. Não. Estava completamente errada. O tempo não dá jeito em tudo. Isto é engano.

Hoje estou aqui, de novo sozinha, de novo ouço Legião, me abro com o Renato e tomo minha ice. O tempo só transformou a coca em álcool e a minha pequena esperança no futuro em desilusão.

O tempo só passou... “e é o tempo que nos mata”.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vida que dá água na boca

Tenho uma amiga que escreve em todos os cantos da internet em que tem perfil algo mais ou menos assim: ‘não tenho medo da morte, tenho medo de uma vida mal vivida’. Putz, a frase é um baita tapa na minha cara, porque não conheço ninguém com uma vida mais mal vivida que a minha.

E eu simplesmente não sei por onde começar para mudar isto. Pra dizer a verdade, acredito que eu nem tenha vontade de mudar. Meu desejo é bom outro. Tão claro às vezes, noutras tão velado. Quem me conhece sabe do que estou falando, mas duvido que tenha noção de que essa vontade, com o tempo, transformou-se num projeto, numa realidade bem palpável pra mim.

Hoje eu vejo (e luto junto) a luta da minha bisavó, de 87 anos, para continuar viva. Está vencendo uma pneumonia, e todas as conseqüências que a doença lhe trouxe. Prepara-se para enfrentar uma cirurgia para colocação de pino no fêmur quebrado. Há quase dois meses vive dias difíceis, de muita dor, angústia, de cama, de hospital em hospital. Está totalmente dependente dos seus filhos e netos. E eu sei que ela quer viver, sei que seu desejo é total, sei que briga para que o corpo já cansado reaja e se cure. Está conseguindo. Vai conseguir! Tenho total certeza disto.

Então eu penso: de onde vem tanta tristeza que me faz desejar simplesmente o contrário pra mim? Por que olho para a vida e não acho graça em nada? Por que apesar de tanto trabalho, tanta correria, meus dias são tão vazios, tão sem sentido? Por que por vezes sinto vontade de ficar só e em silencio, mesmo sabendo que isso só consome o que resta de minha força? Por que desejo simplesmente não existir?

Sei lá. Não há respostas. A vida é assim mesmo. Tem gente que veio para viver com vontade, com gosto. Gente para quem a vida dá água na boca. Outra gente veio para existir apenas, para levar essa vida por pura obrigação. Sou dessa gente, e vou cumprindo meu dever...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Bastardos Inglórios

Tema leve hoje: filmes. Assisti ontem à noite a Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino. Fantástico como todo Tarantino é.

Então agora à noite por preguiça de trocar de canal - e por lembrar a frase que diz mais ou menos assim “como criticar algo que não conheço?” - vejo parte do filme da Tela Quente desta segundona: Todo Mundo em Pânico 4. Gente, como algo tão bizarro, tão escroto, consegue chegar ao número 4?! Desperdício de dinheiro e tempo.

Vou trocar de canal.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Linha horizontal

Um dia eu ainda vou perguntar pra Deus: POR QUE?
Por que eu?
Por que assim?

Não é brincadeira aguentar este monstro indomável dentro de si. Não é facil olhar para o mundo e não ver nenhuma cor. Não é fácil sufocar a dor lá no fundo e se forçar a acreditar que é possível seguir em frente.

Segui tantas vezes. E tantas vez tropecei no meio do caminho pra cair num buraco ainda mais fundo que o anterior.

Tô num desses agora... escorregando devagar pro fundo.
Sonho com o dia em que farei essa viagem pela última vez.
Sonho com o dia em que tudo se tornará uma linha horizontal e contínua.



Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Dessas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas
Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas...
Cazuza

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

# vontades


Tenho vontade de trocar de carro.
Vontade de comprar uma casa.
De ter um filho.
De ganhar mais dinheiro trabalhando menos.

Mas às vezes batem umas vontades estranhas, como agora.
Vontaaaade de sair sem direção, entrar em qualquer canto e curtir a vida do jeito mais insensato que eu puder.
De me jogar na pista.
De me jogar em algum abraço.
De me permitir.
Sem planos, sem avaliação do risco, sem juízo...

Juízo demais faz mal à vida, mas sabe o que é?... bateu um sono.
Deve ser efeito tardio da cerveja.
Ainda tem essa infeliz dor de cabeça.
Fica pra próxima ou pra realidade vivenciada em meus pensamentos antes de dormir.
Fica pra esse meu mundinho bem particular.