domingo, 28 de fevereiro de 2010

Vida que dá água na boca

Tenho uma amiga que escreve em todos os cantos da internet em que tem perfil algo mais ou menos assim: ‘não tenho medo da morte, tenho medo de uma vida mal vivida’. Putz, a frase é um baita tapa na minha cara, porque não conheço ninguém com uma vida mais mal vivida que a minha.

E eu simplesmente não sei por onde começar para mudar isto. Pra dizer a verdade, acredito que eu nem tenha vontade de mudar. Meu desejo é bom outro. Tão claro às vezes, noutras tão velado. Quem me conhece sabe do que estou falando, mas duvido que tenha noção de que essa vontade, com o tempo, transformou-se num projeto, numa realidade bem palpável pra mim.

Hoje eu vejo (e luto junto) a luta da minha bisavó, de 87 anos, para continuar viva. Está vencendo uma pneumonia, e todas as conseqüências que a doença lhe trouxe. Prepara-se para enfrentar uma cirurgia para colocação de pino no fêmur quebrado. Há quase dois meses vive dias difíceis, de muita dor, angústia, de cama, de hospital em hospital. Está totalmente dependente dos seus filhos e netos. E eu sei que ela quer viver, sei que seu desejo é total, sei que briga para que o corpo já cansado reaja e se cure. Está conseguindo. Vai conseguir! Tenho total certeza disto.

Então eu penso: de onde vem tanta tristeza que me faz desejar simplesmente o contrário pra mim? Por que olho para a vida e não acho graça em nada? Por que apesar de tanto trabalho, tanta correria, meus dias são tão vazios, tão sem sentido? Por que por vezes sinto vontade de ficar só e em silencio, mesmo sabendo que isso só consome o que resta de minha força? Por que desejo simplesmente não existir?

Sei lá. Não há respostas. A vida é assim mesmo. Tem gente que veio para viver com vontade, com gosto. Gente para quem a vida dá água na boca. Outra gente veio para existir apenas, para levar essa vida por pura obrigação. Sou dessa gente, e vou cumprindo meu dever...

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