sexta-feira, 5 de março de 2010

Eu, Renato e uma ice

Se eu fosse escolher uma trilha sonora pra minha vida certamente seria uma coletânea de músicas da Legião Urbana. Difícil apenas saber quais. Até pro dia da minha morte, eu tenho uma.

Não importa a fase, o momento, o estado de espírito, Legião encaixa-se fácil sempre. Um dia, há muito tempo, vi a reportagem de um show deles (meu sonho! Pensava em crescer e vê-los tocar, mas o Renato morreu antes)... bem, na tal reportagem um garoto da platéia declarava para a repórter em êxtase:

- Parece que o Renato sabe o que passa com a gente e escreve tudo nas letras.

Escutei isso outras vezes, mas aquele menino nunca saiu da minha cabeça (será inveja por ele ter visto o show que eu não vi?). Já me apaixonei por outras bandas, por outros cantores, só que nada chega perto da sensação que brota na minha alma quando ouço a voz do Renato. Quando é gravação ao vivo então, dessas em que ele conversa com o público, me desmancho.

Legião me lembra da minha adolescência, das minhas crises existenciais, dos meus desejos, meus medos, minhas apostas, dos meus amores, dos meus grandes amigos, de pessoas que fizeram a minha estrada um pouco melhor e mais suportável. Legião reconstrói cenas, lugares, cheiros, sensações.

Legião me faz pensar em mim.

Quando era adolescente, eu tinha todos os cds, sabia (e acho que ainda sei) todas as letras e a ordem das músicas de cada cd.

Renato foi meu confidente. E ele nem sabe disso.

Pensava que um dia, amadurecida, algumas coisas daquela época passariam. Que dariam lugar a um pouco mais de paz. Não. Estava completamente errada. O tempo não dá jeito em tudo. Isto é engano.

Hoje estou aqui, de novo sozinha, de novo ouço Legião, me abro com o Renato e tomo minha ice. O tempo só transformou a coca em álcool e a minha pequena esperança no futuro em desilusão.

O tempo só passou... “e é o tempo que nos mata”.

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